domingo, 2 de setembro de 2012

Choque de realidade

Que eu já sabia do meu processo de engorda, isso ninguém pode negar. Aliás, para falta de sorte dos meus amigos, falo disso há alguns anos (no início, provavelmente, mais por perseguir outra autoimagem que pelo fato gritante que ora se apresenta!), um sinal claro de que não tomei nenhuma atitude eficaz para cessar as reclamações.
Pois nada como um choque de realidade para resolver as coisas e parar com a palhaçada: engordei 15 kg em dois anos! Nunca tinha pensado que podia chegar a esse ponto, embora tivesse um histórico de sobrepeso e obesidade na família - o lado paterno completo e pelo menos 25% dos irmãos. Tinha uma esperançazinha de ter puxado o lado materno (que sofre, todavia, de outras mazelas).
Como mantive a mesma faixa de peso por muitos anos, com atividade física intermitente e comendo sempre muito bem (em quantidade, não em qualidade), não faz muito tempo que fui visitar uma endocrinologista. Fiz isso quando comecei a engordar lenta, mas consideravelmente. Comecei uma reeducação alimentar, cheguei a tomar uma dosagem mais leve de sibutramina por um mês e meio e emagreci bastante. Mantive o peso por uns dois anos, até começar a trabalhar em uma editora, sentada por mais de 8 horas todos os dias.
De novo, a escalada do peso, e nada de atividade física. Comecei a fazer pilates, procurei uma nutricionista, e voltei a emagrecer. Por alguns meses e mesmo em um novo trabalho de muitas horas sentada, mantive o peso até receber o convite para ser editora de novo, com bem mais responsabilidades e sem horário fixo, praticamente full time (já perceberam que atribuo parte da culpa da engorda - minha, pelo menos - ao trabalho de edição, não é?).
Aí veio a cereja do bolo: engatei nas experimentações grastronômicas. Aliás, basta ver como principalmente neste ano o blog está mais voltado para gastronomia do que para comentários sobre shows e filmes. Sintomático.
Não pretendo parar de fazer algo de que gosto tanto, então voltei com a carga toda às atividades físicas, incluindo as mais prazerosas, como dança e artes marciais. Nem sempre consigo cumprir a meta da academia (que não curto de fato), mas tento me exercitar pelo menos 4 vezes por semana. E, é claro, preciso fechar a boquinha. Especialmente depois da visita a um novo endocrinologista (indicado pela Clau, bem mais sério do que a que visitei no início do ano), responsável pela notícia bombástica, a de que engordei OITO kg em QUATRO meses (a menos que a balança da médica anterior - ou a própria médica - estivesse completamente louca). E coisas que me pareciam inofensivas, como a fileira de chocolate meio amargo após o almoço, estão sendo abolidas, ou pelo menos repensadas. Ou, ainda, "reagendadas" - a mousse de chocolate, por exemplo, vai ficar para o final de semana.
Além disso, para tornar irreversível o processo de mudança, o resultado dos meus exames já mostrou os índices de colesterol explodindo. Se fiquei desanimada? Muito pelo contrário, acho que precisava de um desafio para tomar uma atitude pontual. Isso também quer dizer que mais uma vez a tônica do blog deve mudar: comidas mais saudáveis, volta a outros programinhas, redescoberta do mundo.
Novos voos, que bom!

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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