quinta-feira, 6 de junho de 2013

Viajar: pacote ou granel?

Quem me conhece há algum tempo certamente já me ouviu falar bastante da minha paixão por viajar. Não sei se é possível comparar com outras paixões, pois não é uma paixão apenas por um fazer (cozinhar, ler, fotografar, escrever, criar) que depende mais de "coisas" que dos outros - embora a viagem dependa da minha iniciativa, do meu planejamento e deslocamento e da minha relação com o lugar, ela depende primordialmente da relação com o outro, vivente daquele lugar. Viajando, dependo o tempo todo das pessoas que me cercam - aeromoça, barqueiro, garçom, funcionário da livraria, taxista, recepcionista do hotel ou pousada. Dos transeuntes. De estar só ou acompanhada...
Ops, não pude evitar esse preâmbulo provocado pela lembrança de viajar, sorry! Na verdade, queria mesmo falar dos modos de viajar. Que são completamente pessoais e quase instransferíveis. Tem gente que prefere ir sem lenço nem documento por aí, quase sem planejar nada, ao sabor do vento e dos acasos. Há quem se sinta mais seguro comprando um pacote turístico. Também há quem não consiga sair do planejado. Além disso, com as possibilidades oferecidas pela internet, cotamos os melhores preços de passagens, sabemos em segundos se um hotel ou restaurante vale ou não a pena, se ao menos é capaz de dividir opiniões.
Embora tenha viajado muito menos do que gostaria (afinal, também é preciso pagar contas), já viajei de modos bem variados. Com um mínimo de planejamento mas bastante liberdade para mudar o roteiro se achasse algo mais interessante no caminho. Por isso (e porque vinha à minha mente uma multidão de desconhecidos perdidos indo para lá e para cá sob a batuta do guia) quase sempre evitei os pacotes turísticos. A primeira vez que fiz isso, aliás, foi na viagem para Buenos Aires, quando comprei na agência onde compro minhas passagens de avião um pacote menos "quadrado" e apenas para duas pessoas; a experiência foi ótima. Hotel bem localizado, bom horário de voo, receptivo bem treinado (lá), bons guias locais.
Com a experiência exitosa de Bs As, resolvi comprar de novo um pacote turístico, desta vez para Mendoza, mas no site da Submarino Viagens. Tirando o fato de a informação sobre as taxas só aparecer no momento do pagamento com cartão de crédito, não houve problemas com o hotel ou com o voo, do tipo "não existir" um ou outro. Mas os horários de voo eram bizarros para que o valor fosse mais baixo (e não dava para desdobrar ida e volta, só havia algumas combinações possíveis nos horários em que ninguém quer viajar) e o hotel era fora de mão, o que nos fez gastar muito com táxi e flanar menos que o planejado. Portanto, essas superpromoções de viagens que pululam por aí podem sair caro - é preciso sempre verificar localização do hotel, o que dizem outros viajantes (o TripAdvisor, aquele mesmo que mostra os lugares bacanas aonde fomos, é uma ótima fonte), taxas não inclusas de hospedagem e passagem de avião, se o café da manhã é à parte (quase nunca é, mas nos da rede Accor costuma ser). Em Mendoza, porém, vale a pena comprar um pacote para o passeio até os Andes - de outro modo, é inviável para quem vai pela primeira vez e se perde na infinidade de montanhas. Para uma primeira vez, vale o pacotinho. Na segunda, já não digo - aí (para mim) o negócio é alugar um carro e se aventurar, já sem susto e sabendo que a estrada é um verdadeiro tapete.
Essa última viagem me fez voltar ao modo by myself, on my own. Como adoro planejar viagens, não me custa nada visitar vários sites de hotéis, conferir as fotos, pedir informações (em Ouro Preto, Visconde de Mauá e na Chapada Diamantina as escolhas foram perfeitas, até surpreendentes). Normalmente, sai mais caro que um pacote, no cômputo final. Mas, a menos que você tenha bem poucos dias e poucos objetivos na viagem, a qualidade da viagem será incomparável. Aproveite o fato de vivermos a época da informação global e pesquise preços de passagens em vários sites, das companhias aéreas e das empresas que vendem pacotes (Decolar, Submarino). No caso dos hotéis, dê uma espiada no que dizem os internautas no TripAdvisor e no Booking.com; tente entrar em contato com o próprio hotel de sua preferência e livre-se de taxas cobradas por algumas empresas, como Submarino (em um hotel que pesquisei, o valor da diária no Submarino era 240 reais contra 160 no próprio hotel). A Booking.com diz não cobrar taxas, mas o valor do hotel pode ser ligeiramente mais caro (20 dólares, por exemplo) que no site do hotel. Por fim, visite blogs de quem já foi para determinados locais - tem até tutorial ensinando passo a passo como fazer uma boa viagem, a exemplo do site SundayCooks.
Para economizar em outros itens, é sempre bom ter um check-list completo do que levar e do que se pretende comprar por lá. Fazer uma estimativa de preços de restaurantes, ingressos para museus e outras atrações, transporte público e táxi ajuda que é uma beleza - evita surpresas, como ter de engolir câmbios extorsivos no local de destino ou usar desnecessariamente o cartão de crédito. Tudo isso para que a viagem com a nossa cara tenha tudo para ser curtida até o último momento, bebida até a última gota como um bom Malbec mendocino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog