sexta-feira, 3 de abril de 2015

Feriado?

Nunca tive uma relação muito próxima com feriados.
Como na infância não costumávamos viajar nessas datas, o feriado para mim era tão somente o momento em que eu ficava longe da escola, um dos meus espaços preferenciais de socialização. Na época do ginásio, como muitas famílias vizinhas também não viajavam, ainda era possível se divertir um pouco com as outras crianças.
Já na época do colégio, feriado significava descanso, mas não viagem.
Quando passei a ter dinheiro para viajar, fazia isso nas minhas férias. E comecei a perceber que não gostava da muvuca dos feriados nos destinos de viagem. Confusão, falta d'água, serviços ruins, mau humor, filas para tudo. E tudo isso por quê? Porque era feriado.
Desde então, tenho evitado os feriados nas minhas viagens. Prefiro viajar fora de temporada, o que, além de mais tranquilo, sai mais barato.
Mas a verdade é que os feriados, mesmo quando não me valho deles para viajar ou descansar, acabam se fazendo presentes, algumas vezes de forma irritante. Por exemplo, muito antes da véspera dos feriados algumas pessoas com quem trabalhamos desaparecem. Muitas só reaparecem uma semana depois de findo o feriado. O problema é meu, claro, porque optei por trabalhar por conta própria.
O ideal, do meu modesto ponto de vista, seria que as pessoas pudessem parar para descansar quando fosse necessário, independentemente de feriados. Que inclusive não precisassem trabalhar tanto (no caso, óbvio, dos que se esfalfam para ganhar pouco). Mas, se assim fosse, como ficariam a burocracia, as homenagens desses dias festivos que angariam pontos para políticos, as agências de viagens que sublocam passagens aéreas? Seria o fim das desculpas para não entregar um trabalho, da instituição da muvuca, dessa versão pseudodemocrática do pão e circo, dessa pseudoliberdade que tantos acreditam ter, porque podem aproveitar para descansar ficando parados nas rodovias e tirando selfies para mostrar como tudo foi incrível...
Então só me resta não estressar com os ausentes e curtir a minha liberdade de não integrar a muvuca estressante dos adeptos dos feriados. Questão de equilíbrio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog