domingo, 3 de julho de 2016

Maruins e outros bichos

Venho de uma família de alérgicos. Rinite, sinusite, reação a alguns cheiros e a picada de insetos. Nada que mereça uma internação, mas não costumo passar incólume aos eventos. Acredito que a rinite e a sinusite sejam quase inevitáveis aos nascidos em São Paulo, como eu; desse modo, a saída de um lugar com poluição já reduziu boa parte das alergias.
Por outro lado, em nossa casa abundam os mosquitos. Os pernilongos tradicionais (graças a Deus, ninguém pegou dengue ou zika aqui) e os terríveis maruins (mosquitos-pólvora), que, se não transmitem as doenças dos primos maiores, deixam feridas na pele, tamanha a coceira que sua picada provoca. São tão pequenos que só percebemos sua presença ao sentir o ardor da picada. Resistem aos repelentes, entram por qualquer fresta e picam a qualquer hora. Aproveitei a chegada do clima mais ameno para agora só andar de calça. Mas nossos lençóis invariavelmente têm manchinhas de sangue.
Além dos mosquitos sempre presentes, desde que chegamos, tivemos a semana das cigarras, a dos besouros, a dos cupins/aleluias, a das libélulas. Às vezes, as desagradáveis baratas, algumas enormes, mas provavelmente menos nojentas que as da cidade. Vespas, marimbondos e formigas, quase sempre - aqui conheci a terrível caçarema, cuja picada queima como fogo.
Cada alteração no clima traz um tipo de inseto. Houve também dias de lagartas que viraram borboletas - uma lagarta caiu na minha cara enquanto eu dormia, e isso pesou fortemente na decisão de instalar o forro no quarto.
Uma coisa boa dessa observação dos insetos foi olhar para as aranhas de vários tamanhos e me lembrar do mito de Aracne. Outra coisa foi perceber que a existência dos insetos, mesmo quando inconvenientes, não me incomoda. Quando pequena, aliás, era fascinada por borboletas, por conta de ter lido e amado O caso da borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida.
O aprendizado com a natureza pode ser longo e complexo, mas é belo o mais das vezes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog