sábado, 27 de janeiro de 2018

Esse mirante é meu, essa mirada é minha

Hoje pedalei novamente mais de 40 km. Mas, desta vez, foram 40 km de muito sobe e desce, na direção de Imbassaí. Na outra semana, fui até Malhada, depois da Praia do Forte. Me animei com as ladeiras que, embora longas, são menos íngremes que as de Pojuca-Praia do Forte.
Fui até o mirante de Imbassaí, uma vista incrível do litoral. Agora quero ir até Imbassaí, mais 3 km à frente.
Logo devo procurar algum grupo de pedal para essas saídas mais longas. Hoje mesmo o pneu furou assim que comecei a voltar do Mirante. Minha sorte foi ter cruzado com três ciclistas que se ofereceram para ajudar.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A guerra das cucas ou Como nem tudo dá sempre certo na cozinha

Chegou a época das bananas aqui em casa. Muitas, aos montes, pencas enormes e lindas, perfeitas, como eu jamais vi na feira. Orgânicas, ainda por cima.
Mas o que fazer com tanta banana? Claro que não vencemos, mesmo comendo bastante, congelando, fazendo bolo e tal. Outro dia, fiz o bolo invertido de banana, que ficou maravilhoso; também já comprei carne de sol para preparar o godó.
Então, para dar conta das frutas sem desperdiçar tanto, resolvi adotar a sazonalidade nos produtos da Gosto de Sol. Uma medida super antenada e ecológica, diga-se de passagem. Assuntei as freguesas, e todo mundo se interessou pela cuca de banana, que algumas não conheciam (ou talvez conheçam por outro nome, como sói acontecer neste Brasilzão de meu Deus).
Ora, como é algo que volta e meia faço aqui em casa, não tive dúvidas: tripliquei a receita e preparei tudo, com o maior amor. No entanto, quando levei ao forno, teve início o desastre: a massa começou a vazar das marmitinhas, sem piedade, levando junto as rodelas de banana tão bem cortadinhas.
Mesmo deixando as cucas terminarem de assar, comecei a preparar outra massa, só dobrando a receita, desta vez. Menor quantidade nas formas. Levei ao forno, e de novo o pesadelo: massa vazando, cuca murchando, um horror.
Avisei as meninas de que só entregaria as cucas no sábado, para ter tempo de fazer novamente, até porque a manteiga havia acabado. O marido chegou a sugerir que eu abortasse a operação. Como, se é dos erros que a gente chega ao aprendizado?
Acabo de assar nova fornada - sim, agora deu certo. A receita do Tempero de Família, que adaptei, dá para 4 cucas de mais ou menos 310 g, ou 3 cucas de quase 400 g. Ou seja, uns 150 g de massa mais as bananas, pesadinhas.
Desta vez, ficaram deliciosas, a banana se desmanchando na massa fofinha.
Nada como a perseverança com o que vale a pena!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Curtas, mas férias

Depois de três anos de trabalho intenso, por fim vieram as férias, ou, pelo menos, parte delas. Duas semaninhas que começaram com exames de rotina (enfim encontrei um lugar próximo para fazer consultas e exames, que bom!), o julgamento do recurso de Lula + toda sorte de rancores e uma matinê para assistir a O touro Ferdinando (que concorre ao Oscar e é dirigido por um brasileiro), fábula linda que nos lembra de sermos quem somos a despeito de tudo e
todos.
Fazia tempo que eu não tirava férias, e o fato é que é muito bom. Claro que, nas melhores temporadas de trabalho autônomo, eu poderia viajar quando quisesse. Nos últimos anos, porém, correndo atrás de grana, equilibrando pratos, não foi o que aconteceu. Nessas duas semanas, não vou viajar - quando for, só a trabalho.
Vou fazer meus exames, ir ao médico, pedalar, ler, estudar, ver filmes, vacinar cachorro, ressuscitar horta, fazer pão. Será que consigo em duas semanas? Sim, são coisas que faria no dia a dia, mas sem o trabalho diário remunerado.
Coisas do dia a dia, mas sem a pressão costumeira. No final das contas, a vida é um pouco assim - continuamos fazendo as mesmas coisas, mas de vez em quando temos a sensação de leveza, como se estivéssemos de férias. Quando acontece, só nos resta aproveitar ao máximo.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O pedal contagia

Outro dia, voltando de um pedal, nem acreditei no que ouvi: Rodrigo estava aqui para pedalar com Guga. Veio de Salvador, bike nova a tiracolo, para se jogar na Estrada do Coco, todo paramentado.
Já soube que no outro dia ele se juntou a uma galera para pedalar mais. Que o contágio tenha sido efetivo e traga muitas alegrias e boas experiências!

Pé no chão e bichos de estimação, antídotos para a tecnologia extrema


Recebemos em casa Taísa, velha amiga de tempos de Bienal, e sua família linda. Ainda não temos aquele quarto de hóspedes tão esperado, então eles ficaram em um condomínio em Itacimirim.
João e Tomás são tímidos, mas aqui em casa logo estavam descalços e no maior rolê com Balu. Foi muito bom ver como a natureza costuma vencer a tecnologia extrema, na forma dos tablets e celulares a que os pequenos (e nem tão pequenos) se aferram hoje em dia.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Da Casa de Saron para minha casa

Acho que já comentei que a farinha integral aqui é rara e cara. Até comprei o mix de farinhas da Dias Branco, mas, no final das contas, ele parece ter mais farelo e farinha branca que farinha integral.
Me ocorreu, então, que talvez um dos atacadistas da zona cerealista de São Paulo vendesse para outros estados, pela internet. Na segunda loja que tentei, a Casa de Saron, já encontrei essa opção.
Já conhecia a Casa de Saron das minhas andanças pela Avenida Mercúrio, na zona cerealista. Já havia comprado na loja física e também pela internet em São Paulo - foi lá que achei a farinha de Manitoba com que comecei minhas experiências paníferas. Desta vez, a entrega foi para um pouco mais longe, e aproveitei para comprar temperos e frutas secas.
E chegou tudo direitinho, num prazo curto, com produtos muito bem embalados, como me recordava da outra compra. O frete acabou se diluindo no custo dos produtos, todos bem mais baratos que aqui - só para se ter uma ideia, a quinoa aqui custa cinco vezes mais (16 reais por 200 g no Sam's Club x 16 reais por 1 kg na Casa de Saron).
Hoje foi o dia da arrumação dos temperos, com lavagem, descarte e organização. Dá gosto olhar o resultado.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Bolo de banana invertido

Como disse no post anterior, temos cada vez mais evitado a comida pronta e apostado no nosso próprio processamento de alimentos. Claro que seria mais fácil que vivêssemos só disso, porque há muita coisa a processar, tanto do nosso quintal (tudo vem de uma vez), quanto de vizinhos que nos presenteiam volta e meia com alguma hortaliça ou fruta.
Ontem mesmo transformei uma abóbora de mais de 2 kg, recebida do nosso vizinho e fornecedor de ovos caipiras, em dois tipos de doce e massa para um quibebe, além de uma parte que guardei para cozinhar com feijão. Temos ainda um balde cheio de aipim do nosso quintal.
Hoje foi a vez da banana - comemos muito, todo dia, mas não damos conta, então fiz um bolo invertido, já tratando de doar parte para os sogros. Outra coisa que fazemos com as bananas é congelá-las em rodelas, para usar em vitaminas. Fica ótimo!
Também faço sorvete de maracujá usando a banana como emulsificante, outra boa pedida.
E pela quantidade de bananas, acho que está na hora de fazer um godó, prato que Guga, incrivelmente, ainda não conhece.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sobre temperos frescos e o que temos na geladeira

Como ainda não avançamos na nossa horta, tenho mantido meus temperos em vasos, que volta e meia preciso substituir por conta do calor e da falta ou excesso de chuva.
Faz mais de cinco anos que não sei mais viver sem temperos frescos, e acho um desperdício comprar maços em vez de tirar o que preciso de uma planta perene (enquanto dure).
Além dos temperos frescos, outra coisa que adotei foi ter cada vez menos alimentos ultraprocessados na geladeira. Tinha já começado a fazer isso em São Paulo, e meu lixo de orgânicos foi ficando maior que o de embalagens de papel e de plástico, mas aqui temos ampliado a prática. Prova disso é a geladeira ter uma gaveta cheia de verduras, legumes e frutas que logo viram pratos para a semana, inclusive na forma de marmitas semanais no congelador - não há nada mais prático: até massa de pizza tem!

domingo, 14 de janeiro de 2018

Pão é um lance louco

Ontem, entre vários alimentos que processei (grão de bico que virou homus, milho que virou bolo, iogurte grego que virou coalhada), aproveitei para processar meu levain. Agora, usando duas porções iguais de farinha de trigo branca e integral na mesma proporção da água, para deixá-lo mais líquido. Acho que nunca tive um levain refrescado tão perfumado, com cheiro de mel e castanhas. Pode ter sido pela troca da farinha integral - em vez do mix de farinhas, usei uma farinha fina, comum. Arrisquei até deixar a receita do pão quase 50/50 das duas farinhas.
O miolo ficou macio e a casca crocante, como deve ser. Como aumentei a porcentagem de farinha integral, não ficou tão alveolado quanto eu gostaria. Mas o sabor é ótimo.
Isso tudo me faz voltar a pensar nos mistérios do pão, sobretudo o de fermentação natural. São muitas variáveis a dominar, e mesmo quando são dominadas, a cada vez, ele pode sair diferente. O clima, a umidade, o forno, a qualidade da farinha, o tempo e o tipo de sova, o corte da pestana, a água pulverizada fazendo as vezes de vapor. Fazer do pão um meio de se sustentar é ter chegado à fórmula quase infalível em termos de cor, sabor, textura, tamanho. Quase sempre um sucesso, o que já é muita coisa, na padaria e na vida.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Saúde, esporte e educação

Recebi esta semana os dois livros sobre pães que comprei na Amazon, com preço ótimo - o do Michel Suas, que costuma ter preços proibitivos, e o de Sandra Canella-Rawls, com uma pegada mais científica, que adoro (e já comecei a ler, e é uma delícia). O estudo tem me chamado insistentemente; me faz muito mal estacionar no conhecimento.
E as coisas fluem de tal jeito quando começamos a nos movimentar que me apareceu outro dia um anúncio de pós em gastronomia. Já quero, já vou, em prol da minha saúde mental.
Por outro lado, a saúde física tem cobrado seu preço - tenho apresentado alguns sintomas de pré-diabetes ou de síndrome metabólica, ainda não tenho certeza. Já comecei, antes de conseguir marcar uma consulta médica, a reduzir o açúcar, e até testei o primeiro bolo com xylitol - maçã com canela e gengibre, bom. Se tiver que ser. Tenho aproveitado a deixa para diminuir a ingestão de lactose e farinha branca. Claro que tenho momentos de crise de abstinência, mas aos poucos devo me acostumar com as diversas substituições e milhares de outras possibilidades alimentares.
A hipótese de ter herdado a doença familiar também me fez apertar o pedal, e até me faz gostar mais da musculação. Também achei uns treinos bacanas no site daredbee.com. Mentiria se dissesse que adoro acordar cedo para malhar, como diz meu marido. Só depois de uns 20 minutos é que penso: ah, que bom, agora lembro por que estou aqui, é porque me faz bem! Sempre preferi as atividades mais lúdicas ou mais interiorizantes - dança, judô, tai-chi-chuan, pilates, até ioga.
E a vida segue no melhor estilo tudo-ao-mesmo-tempo-agora: castração de cachorro, rearranjos da cozinha, saúde, estudos, autoescola. Como costuma ser, para não cairmos na mesmice nunca.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Eu e Pamuk

Orhan Pamuk ganhou o Nobel de Literatura em 2006, após ter lançado seu romance Neve. Em 1998, já havia lançado Meu nome é vermelho, que ganhou destaque anos depois. O fato é que Pamuk é hoje o principal nome da literatura na Turquia, com outros trabalhos de destaque ao longo dos anos.
Eu não havia lido nada dele até topar com Meu nome é vermelho na loja de Kindle. O nome logo me atraiu: a trama, insólita, com diversos narradores diferentes, inclusive a cor vermelha, em um cenário histórico tão interessante, Istambul no século XVI, onde acontece o assassinato de um miniaturista... Em vários momentos, me lembrei de O nome da rosa, de Umberto Eco. O mistério, o crime, saberes proibidos, a religião protegida a todo custo - mas, principalmente, pela erudição e pelo detalhamento extremos.
No livro de Eco, porém, a trama se desenrola com mais fluidez, por sua narrativa mais tradicional, o que não necessariamente é uma qualidade por si só. No caso de Pamuk, com o vaivém de narradores, um mais rebuscado que o outro, e a possível crítica/ironia usada todo o tempo, sem meias medidas, o relato é mais cansativo que instigante. Pode ser também que eu esteja destreinada desses processos mentais mais elaborados. Pode ser que eu esteja muito acostumada com o modo ocidental de narrar, tanto livros quanto filmes. Mas a verdade é que foi um custo terminar a leitura e ainda não ser surpreendida - antes, ficar aliviada com o livro ter chegado ao fim.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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